A Roda da Fortuna


A Roda da Fortuna é um Arcano Maior no Tarot e de forma bem básica, ela significa duas coisas e ambas cabem no caso que aqui irei narrar. Em todo fim, tem um começo. E esse começo pode ser completamente novo ou mais do mesmo. O blog Nada Terráquea, que já possuiu vários nomes e vários nichos, que acompanhava as minhas mudanças, pois foi criado pra ser um refúgio meu. Eu pensava muita coisa, escrevia mais ainda mas eu morria de receio de compartilhar. E foi aqui aonde eu me permiti não esconder as minhas asas, não esconder que eu sabia voar. Não aqui. 

O primeiro post que mantive no blog, foi ao ar em 17/10/2012! Faz um tempo, né? Provavelmente eu já havia terminado o Ensino Médio. Ou quase isso. Estava numa fase de mudança bastante intensa e ela me motivou a criar o blog. Eu estava cansada de não ter alguém pra contar sobre o que eu pensava. Hoje, eu passo novamente por uma grande mudança. E aprendi que quando você não se sente ok com você, parece que você não se encaixa... não é bem isso. Você só não está com as pessoas certas pra você. 

Eu passei por coisas que não foram nada fáceis, ao ponto de ouvir isso várias vezes. Vi meu brilho no olhar se apagar, o cansaço me vencer. Mas eu renasci ainda mais forte, doce e amorosa do que nunca. Tão certa da minha vida e sem receio algum de ser possuidora dela. Reconhecer cada pedaço meu que doía, ter os exposto a luz, ao reconhecimento e ao acolhimento. Depois, transmutar, ver de outra perspectiva, outra forma. Entender que eu passei sim, por bastante coisas pesadas e ainda tão jovem, mas não dar uma importância a tais fatos que superassem a minha própria importância. Eu sou maior do que o que aconteceu comigo e de qualquer outra coisa que aconteça, seja tida como boa ou ruim. Pois manter-se preso em qualquer acontecimento é uma armadilha fatal. O que nos molda, nós podemos moldar também. É um princípio básico da física. 


Pra ser sincera, eu me apeguei muito a essa minha versão que está nesse blog. Essa Ana, de 2012 até 2016, cara... ela suportou e venceu tanta coisa! O coração dela poderia ter ficado ressentido, querendo vingança, querendo rebater na mesma moeda... mas não. E eu achei isso tão incrível que mesmo já tendo uma nova versão de mim, mais adequada para o que vivo agora, não queria deixar ela ir. Ela foi tão preciosa para eu ter chegado até aqui. Tão preciosa, tão incrível. Mas eu preciso parir o meu novo eu. Sim, a palavra é essa. Pois ainda que internamente eu tenha mudado, por fora eu ainda sou a antiga. Mas eu já sou outra. E depois de mais de 1 ano negociando comigo mesma, finalmente me senti pronta para mudar. 

E agradeço a todos que passaram por aqui e acompanharam parte da minha jornada. Eu sempre fui tão inteira nesse blog, ainda que não 100% aberta sobre tudo, né. Até por questões de segurança. Mas tem desabafo, tem micões, tem sincericídios, poesia, histórias e fotografias... sempre que eu tiver saudade dessa minha versão, poderei vir aqui e desfrutar. Eu tenho tanto orgulho pelo que criei aqui e tanto carinho e tanta gratidão. E nunca irei deixar de produzir arte, ainda que eu ame a área em que faço graduação (Direito), eu amo igualmente escrever e tirar fotos. Escrever, então? Nossa... Faz parte de quem eu sou. E ainda que eu não escreva, eu vejo poesia em tudo. Eu vejo, eu sinto e eu vivo a poesia na pele todo dia. Eu tenho orgulho e amor pelo que fui e tenho esperança no que virei a ser e confio em quem sou agora. 

E é o fim desse blog. Mas lembra que em todo fim há um novo início? A roda da fortuna nada mais é do que o próprio ciclo da vida, de que tudo tem início, meio e fim. E o engraçado é que estamos no inverno, estação relacionada com a morte. E logo depois do inverno vem o quê, senão o florescer, com a primavera? Toda a minha gratidão a todos que passaram por aqui e trocamos algo, nem que tenha sido apenas o fato de ler. Eu escrever e você ler, já é uma troca. Grata por tudo. Como sempre desejo muita luz e muito amor. Nos vemos por aí. 


💖 GRATIDÃO 💖

Provavelmente, uma pausa


É complicado eu saber se vou fazer de fato algo ou não. Pois um dia sinto uma coisa, no outro sinto outra e assim, ter uma decisão a ser mantida é sempre algo que dificilmente alcanço. Eu amo escrever, amo compartilhar, mas não sei se me enquadro (no momento) no formato do blog que mantive por aqui. Nesse blog que já teve tantos nomes, tantas fases, tantos nichos, tantos sentimentos. Onde já postei de tudo um pouco. Mas sem dúvidas, sempre teve eu mesma em abundância e sem filtros. Grande parte da minha vida está aqui. De 2011 até 2017. É muita coisa. 

Tem minhas dores. Minhas perdas. Meus medos. Meus micos. Minhas vitórias. Minhas alegrias. Minhas expectativas. Meus sentimentos. Meus pensamentos. Tem eu em tudo. Num mundo tão cheio de máscaras, eu tô exposta. Eu tô nua pra quem quiser ler. É bizarro ser artista nos dias atuais. Eu sempre sou vista como uma pessoa inabalável, impenetrável, fria. Até que a pessoa entra em contanto com um texto que escrevi, uma foto que tirei, uma pintura meio sem sentido que pintei. E então a pessoa vê como sou intensa, quente e viva por dentro.


A melhor coisa sobre ser um artista é ser capaz de tocar as pessoas. Um dos momentos mais felizes da minha vida, foi ver pessoas chorando em meu aniversário com um texto que fiz com 14 anos. Eu estava exposta? Sim. Mas eu as toquei ao ponto de fazê-las chorar. Eu fui tão fundo na alma delas e isso não tem preço. Elas me permitiram chegar lá. E enquanto elas choravam, eu estava derretendo de tanta alegria que sentia. 

No momento, não sinto vontade alguma de postar aqui. Não por desânimo ou por estar com a vida "real" agitada demais. Até irei voltar a ter alguma rotina e obrigação fora de casa e realmente quero conseguir conciliar estudos x vida social x saúde mental, mas ainda assim, não é por isso. Eu tenho me repensado como artista. Pois eu tenho sim, esse lado. Sempre tive e decidi que não vou abrir mão dele. Pois eu sempre abria e era ai quando eu começava a morrer por dentro. Mas estou repensando. Sobre o que eu quero escrever? Qual meu público? Que imagem quero ter? São muitas perguntas e ainda não tenho nenhuma resposta.


Também estou me reinventando como pessoa. Na verdade, já tenho um entendimento novo sobre eu mesma. Eu sou outra. Definitivamente não sou a mesma que começou esse blog. Mas eu só tenho estado dentro de casa, então eu serei uma nova pessoa voltando a interagir com o mundo. Eu não sei como vai ser. Tem sido divertido e excitante me perceber reagindo de forma tão diferente do que costumava reagir, tendo sentimentos diferentes do que costumava ter. Tem tantas coisas que mudaram dentro de mim e eu quero vivenciar isso, quero me redescobrir enquanto redescubro o mundo. Pois o mundo é, o que a gente vê nele. E se você muda sua visão, tudo muda! 

E o que eu espero de mim? Que eu consiga viver um dia de cada vez. E esse é um desafio que quase ninguém consegue "vencer". Não digo sobreviver, mas viver. Estar presente no momento em que se está. Viver o agora. E viver de acordo com o que eu quero, com o que eu sinto. Sempre seguindo minha intuição e sendo sincera comigo mesma. Sempre me enxergando, sempre de acordo com o que estou sentindo. 

"Me desconecto de olhar o outro, de esperar do outro, de sofrer pelo outro. Cada um deve viver sua jornada e eu respeito isso. Nunca mais carregarei ninguém. Apenas viverei em harmonia. Desde já, compartilho meu amor com todos, sem permitir que ninguém abuse da minha energia. Amorosamente colocarei limites, sabendo, também, quando eu preciso respeitar o limite do outro. Amo e aceito essa verdade - Anulação dos Votos de Sofrimento." 

Reencontrei essa "oração" em meus documentos e creio que num passado não tão distante, a fiz. E é engraçado como trilhei de fato esse caminho. Eu iniciei não uma jornada de auto-conhecimento, mas uma jornada de fazer as pazes comigo mesma, de me amar, de me respeitar, de ter confiança em minhas habilidades. Durante um tempo eu não plantei nada pra mim e foi horrível a colheita. Horrível. Então enquanto colhia dor, eu comecei a plantar: amor, confiança e respeito. E já estou colhendo. E está sendo uma colheita maravilhosa. 


A lição da colheita horrível, foi boa. Apesar de ter doído tanto. Eu percebi que a única aprovação que eu preciso ter, é a minha. Que amor dos outros é bom, mas o que realmente vai me nutrir é o meu próprio amor. Que é bom estar com outras pessoas, mas só até onde não fere quem eu sou. Pois se ferir, ou a pessoa me respeita ou eu devo então me respeitar, tirando ela da minha vida. E claro, confiar mais de que sou capaz. Eu preciso voltar a confiar em mim mesma. A confiar que não me permitirei chegar ao fundo do poço novamente, não da forma que cheguei nessa última vez. 

E eu criei o blog pois eu queria ser ouvida. Mas eu que precisava me ouvir, me enxergar, me acolher. Eu fiz as pazes com a Ana adolescente, depois fiz as pazes com a Ana criança e então quando eu menos esperava (mas foi depois de muita busca), vi acontecer as pazes com a Ana adulta, a Ana de hoje, a Ana que escreve aqui e agora. Eu nunca vivi um momento em que eu gostava de quem eu era no momento. Eu só conseguia gostar de mim quando me observava no passado, descontente com quem era no momento. Mas dessa vez, tô em paz com quem eu sou. Nem me persigo tentando me entender, me pertencer. Pois me pertenço e entendo o que posso e tudo bem. Nem me condeno ou me critico tanto. E é um alívio que nunca senti antes. 

E eu acho que a (provável) pausa, é isso. Eu quero ser um pouco só minha. Eu passei tanto tempo longe de mim, me querendo de volta, que agora que eu me tenho, eu quero curtir isso, sabe? Sem contar que quero me acertar com as pessoas, aprender a lidar com elas e isso obviamente irá me fazer gastar bastante tempo e energia. Pois é uma habilidade que eu não tenho, então desenvolver algo requer tempo, foco e energia. E eu quero me dedicar a isso. Por um tempo. Não sei de quanto tempo se trata, pois eu sou imprevisível até pra mim. Mas não quero deixar o blog sem post e sem aviso nenhum. 


É isso. Beijos de luz. Faça de cada dia, um dia bom. E o que é um dia bom? Um dia em que você faz o que você sente, em que você se ama e se respeita. Você é o seu objetivo de vida e a estrada da vida, é o que importa. Como a aranha traça a sua teia, nós traçamos o nosso destino. Não é a vida que te define, você é que está no comando de quem você se torna. Escute você. Cuide de você. Ame você. 

Até algum dia. 

Ana Débora, com carinho e gratidão
ps.: meu notebook morreu,
a pausa de torna duplamente inevitável