Aquela que não acreditava na verdade dos adultos

Sou a moça sorridente. 

Só algumas memórias da minha infância. 
E como eu já pensava com meus próprios botões.
Narro com meu ponto de vista daquela época.

    Nunca acreditei na história de que um velho gordo, vestido de vermelho, entraria em paz na minha casa para apenas me deixar um presente. Eu morria de medo. E a pior parte, era que para mim, eu era a única que via o perigo. Um estranho invadindo a coisa, pela noite, sem ninguém ver. Eu sempre me perguntava se meus pais também não tinham medo dele.
    Mas ai veio o coelhinho... isso foi a gota da água. Como que um coelho, poderia me trazer ovos... e ainda por cima, feitos de chocolate? Não fazia sentido. E aqui em casa, eles ou estavam escondidos ou pendurados na grande árvore de jambos. Era uma piada. Comecei a sentir que os adultos me achavam, no mínimo, burra. Eu via os sorrisos de canto toda vez que eu questionava. E como eles adoram dizer "isso é coisa de adulto" ou "porquê sim". Não dava para contar com eles. Sempre davam as costas e me julgavam pela pouca idade. Mas eu já era mais esperta que eles.
    Resolvi, um dia, descobrir tudo por conta própria. Calculei que, o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa não faziam sentido algum. E se um não existisse o outro também não existiria. Foi na Páscoa, eu me lembro. Acordei cedo, apenas de calcinha e uma blusa de dormir. Me certifiquei silenciosamente que meus pais não estavam no quarto e bingo! Como eu havia pensado... Qual motivo os tirou da cama? Hora de ir para a cena do crime, pensei. Mas antes, olhei novamente a minha irmã. E ela continuava dormindo. E eu sabia que naquele dia, eles não me fariam mais de idiota.
    Continuei andando silenciosamente e comecei a ouvir vozes. Minha mãe, meu pai, uma tia... Ri internamente. Havia os encontrado conversando sobre como compraram os ovos. E ao mesmo tempo, os penduravam na árvore. Bingo! Como eu havia pensando. Não há coelhos. Não há homens de vermelho e gorduras. Só há os humanos inventando histórias para fazer com que as crianças se comportem. Mas eu sempre fui uma menina má, que não acreditava na verdade dos adultos. E ainda assim, continuava ganhando os presentes.
    Voltei para a cama, como quem não sabia de nada. E bem, havia confirmado a minha tese. Me senti vitoriosa e a partir daquele dia, para felicidade das crianças que eu conhecia ou não, contava sobre as mentiras que os adultos contavam. Alguns ficavam irritados, outros choravam. Mas eu me sentia como uma heroína. Salvando as crianças das mentiras enfeitadas.

Ana Débora
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dessa vez, tenho o nada para escrever aqui.
"nada"

5 comentários:

  1. Amei!
    Muito fofo >-<
    Já disse que amo o jeito que você escreve?

    xx,
    Isa
    blogfyd.blogspot.com

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  2. Eu acho que nunca acreditei muito, até porque os meus pais não faziam questão de tentar fazer com que eu acreditasse. Mas eu nunca fui esperta o suficiente pra desmascarar eles no meio da noite, hahaha Adorei!
    Beijos!

    PiinkCookie.blogspot.com ♥

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  3. OOOOOOOOOOOOwwwwwwwwwwwwwwww, Chibi Ana *--*

    Quando era criança, eu acreditava no tio ladrão de vermelho (vulgo Papai Noel), pelo menos, mas só porque eu queria muito acreditar nisso. Me parecia tão solitário não acreditar nisso, e se eu negasse sua existência negaria a existência de magia, e isso eu não queria.
    Mesmo com um pé atrás me forcei a acreditar. Sempre faço isso, no mesmo caso foi com religião (mas isso é assunto pra outro post). A questão é que o tempo foi passando, e eu percebi que nunca acreditei nisso.
    Mas sempre quis que existisse coelhos chocolateiros e velhos (não pedófilos) que dão presentes para as crianças.

    Heroína ou não. A minha eu, de 10 anos atrás, ainda assim tentaria de convencer do contrário.

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    1. Eu não era tão flexível quando criança... haha A eu de hoje, aceita "acreditar" em certas coisas pela magia. Mas aquela do passado? Nem tanto. Eu só parei um tempo depois, de contar para outras crianças, pois minha mãe me convenceu de que algumas crianças precisavam daquilo. Mas demorou até eu ceder. Só vim entender mesmo, quando sai da pré-adolescência. Pra tu ter uma ideia do tamanho da minha determinação e teimosia. Mas pra minha irmã, eu dizia "lembre que é mentira, eles querem controlar você" kkkkkkkkkkkkk
      Se você tentasse convencer aquela eu do passado, ela iria ficar completamente raivosa. Mas quando ela crescesse, ela entenderia. E acharia um belo gesto. Sua intenção me deixou feliz. Tem gente que faz isso por mim até hoje. "ei ana, relaxe" ou "ei, não seja tão dura" ou "não leve tão a sério" haha Tava com saudade de você, viu? Meu blog sem uma das minhas leitoras predileta não é o mesmo. E eu gosto do seu também, poste mais! u.u

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Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha