Pequena

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    Desculpe-me pequena, se eu de tão voltada para mim mesma não pude sequer notar os teus olhos se tornando caídos a cada dia que se passava. Desculpa se sou insegura e ao perceber o seu afastamento acabei por interpretá-lo errado, na verdade fugias para que alguém pudesse te socorrer e eu magoada a deixava partir cada vez mais, por mais que ver tudo de longe passasse a se tornar mais doloroso à vinte e quatro horas.
    Desculpa se o meu sofrimento me cegou, já não desejo mais estar cega. Dessa forma não me protejo e firo, profano palavras que deveriam ser abolidas do dicionário humano, deveriam ser esquecidas, jogadas foras, enterradas. Mas o importante é que agora, por vez, decidi abandonar a cegueira. Eu quero poder te enxergar menina, para poder te salvar do buraco em que você se enfia. Quero te puxar pelo braço e deixar-te em pé em um impulso só.
    Em momentos passados despejei a minha ira em teu colo puro de forma que sequer eu percebia, mas agora estando lúcida, vejo a lástima que fiz! Vejo claramente o meu erro! E agora com amor... Devo despejá-lo intencionalmente em teus calos, em tuas armaduras, em tuas ânsias, em teus silêncios, em tuas fugas. Sua pequena, me dói te ver partir-se em duas, imagina em quatro, em seis. Não gosto que sangre dessa maneira, não gosto de quando os teus lábios ressecados parecem estar copulando, um grudado no outro, como se fossem fundir-se um ao outro.
    Me dói você dizer que não consegue falar. Repito, o seu silêncio me destrói, me castiga. Queria ser seu porto seguro, ninho. Mas como é que se diz isso? Como é que se faz? Penso que o meu bom senso de humor já não ajuda mais, que tanto faz... Sinto-me inútil diante da tua dor. A dor sempre me causa essa impotência dolorosa. Esse seria então o meu limite em relação a ti? Apenas assistir a dor... Assistir em silêncio o partir-se em pedaços cada vez menores e intensos.
    Você que sofre de um lado e eu que sofro do outro. Dois corações conectados pela amizade e desconectados pela dor. Por favor, pequena. Permita-me dessa vez semear amor. E de ousada que sou, far-te-ei então falar, a transformar o abstrato em algo tocável. Te ensinarei a compartilhar. Amigos é para se guardar no peito, chorar no ombro, derramar palavras em momentos de desespero. Estou aqui, pequena. Não se preocupe em desabar, o meu corpo te fortalecerá.

Ana Débora
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A dor foi maior... 

6 comentários:

  1. Adorei o rascunho, lindo, emocionante...
    Beijos!
    pqngarota.tk

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  2. Acho que a dor ajuda a crescer, nos tornamos mais forte e nos faz aprender

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    1. Pois é. Mas admito que já chorei várias vezes dizendo "me deixe sem aprender isso, por favor". Mas depois superamos, não é? A vida é isso! ^.^

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  3. Parabéns pelo texto flor, muito doce e bem escrito (só um tiquinho triste). Ah, o seu layout está muito bonito *-* Obrigada pela visita, tenha uma maravilhosa semana!


    (desconstruindoaspalavras.blogspot.com.br)

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    1. Obrigada. Receber um elogio assim de quem costuma ler muito, é realmente entusiasmante (apesar de não gostar muito do que escrevo). Pois é... Escrevi em forma de desabafo até. hehe Obrigada! ^.^ Que isso, teu blog é um encanto! Obrigada! *---* Para ti também Mar!

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Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha