As pessoas bebem por que amar "tá foda". Já eu? Eu escrevo por que viver é difícil. Eu escrevo por que respirar com dificuldade é ardiloso e complicado. E o barulho que o vento faz lá fora me assusta. E eu com essa carapuça de adulta ainda me sinto criança. As minhas curvas não denunciam a minha inocência, mas pelo menos o meu olhar, entrega de bandeja a minha melancolia. Até os cegos podem me enxergar. Até os surdos podem me escutar. Até os insensíveis podem me sentir.
Eu vejo rostos e corpos em qualquer sombra. Eu gosto de caminhar quando estou em penumbra, é assustador e revelador ao mesmo tempo e a aparência não importa pois não há nada além do escuro. Só há o receio, o sentir e as palpações. Já faz um tempo desde que cansei de estar só. Já faz um tempo que quero recomeçar... Mas me parece impossível em uma cidade tão pequena como esta, onde não precisarei procurar muito para encontrar o que quero deixar para trás.
Eu preciso de um recomeço, eu preciso de um amor, eu preciso de liberdade. Eu tenho que deixar essa pequena cidade...
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