Ao meu lado selvagem


Sempre temi
Desde que me recordo
Da fera que de alguma forma
eu sabia
Habitava em mim

A sentia indomável
A sentia reclamar do aprisionamento
A sentia rugir
A sentia me dar forças
A sentia me fazer querer rugir
Então
eu a temi

Eu tinha medo dela
Sentia que a precisava controlar
a qualquer custo
Eu temia perder tudo pra ela
Que ela destruísse tudo
Sentia que o meu lado selvagem
Acabaria com o que havia
de mais humano em mim
Mal eu sabia
Que o homem tem mais de
selvageria em si
do que humanidade
Não é à toa que renunciar meu lado bicho
me fez passar por tanta atrocidade

Vi o brilho dos olhos cair do céu do meu olhar
Vi a pálpebra querer afundar pra dentro de mim
Vi o bicho antes indomável
calar
Vi uma menina indefesa
que só fazia fugir
Agora era o medo que eu tentava controlar
e não conseguia
Era do abuso que eu tentava fugir
e não conseguia
Era o grito de socorro que eu queria dar
e não conseguia
E então me perguntei
"onde minha força estaria?"

E respondeu a fera
"tá aqui, mocinha"
E então
a fera ressurgia
a menina se reerguia
esguia, selvagem, faceira, arretada
Dona dela
agora rugia
Dona dela
mulher e fera
Moça selvagem
Que aceita e respeita
A força que vem da fera
A força que a sustenta a cada dia

A mulher só é livre
Com sua fera livre
São indivisíveis

Ana Débora, com carinho e gratidão
não abra mão dessa mulher forte
que você é

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