Menina estações

    Amanheceu com o céu cinza, cor ainda mais sem graça do que a preto da noite, que ainda só fica bonito por que tem as estrelas para enfeitar algo tão liso e sólido. Mas e quando resolvia acordar cinza pela manhã? Nem o sol aparecia para que pudesse contemplar. Era uma manhã de inverno indecisa, não sabia se dava passagem as águas ou aos raios. Não sabia o que queria a atmosfera, e ela ficava na janela a esperar. Colocaria um short ou permaneceria com a roupa de dormir? Ah, esse tempo... Parecia que refletia como ela se sentia.
    Destruição ou construção? Não sabia. Permaneceria ela indomável ou domável? Faria o que queria independentemente das consequências ou passaria a pensar em tudo? Dizem que a adolescência é isso e disso ela quase que fica cheia de tanta metamorfose, mas quando está perto de transbordar de tanta coisa dentro da mente e do coração, se vê em estado de evaporação, e o que sente de ruim se vai junto com as lágrimas que descem pelos olhos, tão loucas pela liberdade de dançar pelo rosto da menina, e então tudo volta ao equilíbrio novamente.
    O inverno é frio mas ela até que mantém o seu interior aquecido, tem um bom coração essa menina, um coração fraco e bom, de tanto que ama e nunca deixa de perdoar. Queria ela que o perdão apagassem os fatos e tirassem o peso que fica na alma, cicatrizes parecem doer mais depois que saram, quase como se fosse um preço a pagar por sentir tanto. E não seria? Permaneceu de pijama e se jogou de costas na cama, e sorriu. Quase sentiu uma vontadezinha de chorar, mas gargalhou.
    Ela e o tempo pareciam ter uma relação única. Quase dormiu, mas abriu os olhos rapidamente junto com o relâmpago que um som estrondoso causou. Aqueles olhos castanhos como a terra úmida ao amanhecer que hoje não via o sol, e os seus olhos, ninguém também há de ver, quer ficar só. Vai ver é o sol que está tendo crise de identidade e quer ficar só também. Por que não? O pobre sabe que a Terra perdeu parte da proteção que tinha, e ele acaba por causar doença em tanas pessoas, tem gente que tem alergia a ele também. E se isso doer nele? Vai saber... A menina não era estrela mas entendia até o sol. Até a parte que talvez fosse inexistente.
    As pessoas nomeiam as coisas, mas ela inventa sentimentos. Ah, essa menina... Doida para brilhar, mas hoje, se manterá recolhida na própria alma. Escondida como o sol, e calma e indecisa como o céu cinza.

Ana Débora
 Redes Sociais: facebook l ficklr l tumblr

2 comentários:

  1. Nossa, que texto mais lindo!
    Realmente exala lirismo! Sério, ficou muito bom mesmo! (:
    E nossa, você tá prestando vestibular?! Boa prova e boa sorte, menina! haha'
    E ainda tem uma cirurgia marcada? Meu Deus! Boa sorte mesmo! Eu também sempre fico tensa com bisturis e afins. hahaha
    Te cuida, moça! Vai dar tudo certo, sim! (:
    Beijos!!

    http://perolairregulaar.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  2. Adorei! Lindo!
    Reflete a tímida e inimaginável poesia de uma manhã cinza.
    Amei! *-*

    xx,
    Isa
    blogfyd.blogspot.com

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha