Desafio - carta para teu(ua) melhor amigo(a)

Post comprido e cheio de sentimentos. Se tem alergia aos dois, nem leia. 

Eu já quis ter milhões de amigos. Eu já desejei não ter um amigo sequer.

E já tive três três melhores amigas que marcaram a minha vida, não apenas uma. 

Os relógios marcam 23 horas e 8 minutos. E mais uma vez escrevo contra o tempo. 

Primeira Melhor Amiga

    Nos conhecemos na infância, na escola. Eu realmente não pensava muito nas coisas. Eu nem sabia o que era amizade direito. Eu só sabia que haviam algumas pessoas que eu gostava mais e era só isso. E você era uma delas. Estudamos juntas na segunda, terceira e quarta série (atualmente terceiro, quarto e quinto ano). Na época em que dividíamos nosso mundo, as músicas mais tocadas eram Anna Júlia, de Los Hermanos. 

    Lembro que um dia, na quarta série, fizemos uma das nossas festinhas e que o lanche daquele dia seria salada de frutas. E que quando tocou Ana Júlia, a nossa turma de pouco mais de 20 alunos quase derrubou aquela sala pequena. Em meio a salada de frutas, brinquedos espalhados pelo chão e a nossa alegria que seria capaz de derrotar qualquer tristeza. 

    Eu te considero a minha primeira melhor amiga, pela lealdade que tínhamos em relação a nossa amizade. Foi com você que eu troquei as minhas primeiras confidências. Foi você que guardou o meu primeiro terrível segredo. Com você, descobri que podemos sim ter alguém para dividir o que nos aflige. Com você, eu parei de roer as unhas. E naquela época, eu tinha menos de dez anos. E mesmo assim, você foi capaz de compreender. Será sempre, a minha primeira melhor amiga. 

Segunda Melhor Amiga

    Nos conhecemos ainda na infância, na época em que eu ainda tinha a companhia da minha primeira melhor amiga. Eu te achava infantil, mesmo eu sendo criança na época. É que eu já não gostava tanto assim de brincar de boneca, eu preferia conversar sobre o mundo. Mas quando eu chegava em casa você estava lá com a minha irmã, brincando com as bonecas que eu já havia deixado de lado. Então com o tempo, foi inevitável não conviver com você. E mais: vi que você era uma pessoa com uma linda alma. E então, nos tornamos melhores amigas. Acho que quando eu iniciei a quinta série, mas já éramos muito amigas antes disso. Você não sabe, mas foi e é uma das pessoas mais especiais da minha vida. 

    Eu te vi crescer e você me viu crescer. Nós passamos a infância, a pré-adolescência e metade da adolescência juntas.  Eu acho que nenhuma amiga minha me conheceu tanto quanto você. Eu não tinha medo, vergonha ou segredos com você. Nós brigávamos bastante, não é? Éramos tão diferentes. Eu me lembro dos choros. Mas eu não conseguia largar de você, não naquela época em que eu ainda acreditava cegamente nas pessoas. O que mais me marcou em nossa amizade, era o quanto nos amávamos. Mesmo eu sendo tão fechada, eu sentava em seu colo, te abraçava, te beijava. Eu me sentia completamente livre com você. Não tinha medos ou barreiras. 

    Mesmo eu gostando de rock e você de forró/axé/o que estivesse tocando. Mesmo eu gostando de ficar em casa lendo/escrevendo/jogando e você preferindo ir "bater perna" e colocar o papo em dia na rua. Todo mundo nos perguntava "como são tão amigas sendo tão diferentes?". Até quando uma de nós duas ficava doente não era motivo para separação. Ah... Mas o que mais me marcou mesmo, é que você me defendia mesmo se o mundo estivesse contra mim. Eu acreditava em você de olhos fechados, e você acreditava em mim de olhos fechados também. Da nossa amizade ninguém duvidava. 

    Só que eu estraguei tudo, e ainda não tive coragem de te pedir desculpas. E apesar de escrever essa carta pensando em você, você não vai nem ler. Eu sequer citarei seu nome aqui. Você me ensinou que mesmo nos tempos de hoje, a amizade só precisa mesmo é de amor, confiança e carinho. Pouco importa se os mundos são diferentes. Você me ensinou que ainda há pessoas que acreditam, mesmo que só existam provas contrárias ao seu favor. Você me mostrou o meu melhor lado. E espero que um dia, possamos voltar a conviver juntas. Eu sinto falta de alguém que me compreenda tanto. Será sempre, a minha irmã de consideração. 

Terceira Melhor Amiga

    A minha última melhor amiga. Você foi a pessoa que definitivamente me pegou na pior fase. Eu posso ser insuportavelmente negativa as vezes. Eu nem sei quantas vezes disse para você que queria tirar a minha própria vida. E você sempre me dizia alguma coisa para me manter calma. Você, na pior fase da minha vida, era a única pessoa que eu ouvia. Quando eu queria que todo mundo morresse, só não desejava a morte para você. Enquanto eu falava ou escrevia sobre as minhas mágoas em relação a x ou a y, você sempre tentava me fazer ver o lado bom. O lado que eu nunca conseguia enxergar. Eu via o caos na ordem. E mesmo assim, você nunca me deixou. 

    Com você, eu sentia que poderia conquistar o mundo sendo eu mesma. Eu tinha confiança. Eu sabia que eu tinha mais um colo a minha disposição. Te conheci em um momento em que eu estava desacreditando nas pessoas, eu não confiava em ninguém na verdade, nem em mim mesma. Foi a época em que eu decidi que o mundo era um lugar sujo e odioso, mas você estava lá. Era o que me mantinha no eixo. Enquanto eu afastava todos a minha volta, mesmo assim, eu ainda via você. Foi quando acabei me afastando da minha segunda melhor amiga que acabei encontrando a minha terceira. 

    Nós curtíamos as mesmas coisas. Emos, lembra? Até que durou pouco tempo, acho que nem chegou a ser um ano. Depois começamos a ouvir coisas novas. Se bem que, eu era a única que acompanhava loucamente as tendências, você sempre foi a mesma. Até hoje o é. E eu já mudei tanto que mal me lembro como eu era em 2007. Já se passaram cinco anos, em breve, seis. Eu não sei até onde a nossa amizade vai. Você foi e é uma das pessoas que mais fui devota na vida, apesar de ter falhado com você. Eu tenho mania de falhar com as pessoas que mais amo, mas me perdoa, por favor. 

    Você sempre será aquela que me deu os momentos mais loucos e divertidos da minha vida. Vou sempre lembrar das horas em que ficávamos conversando. De quando eu te dava dedo e você tentava arrancá-lo e eu acabava gritando e rindo. De quando você não tinha medo de me dizer verdades, ou de me segurar no colo. Sei lá... Para mim, você foi tipo uma segunda mãe. Um anjo. Sabe? Mas não tenho coragem de te dizer sobre. Só me alivia o fato de você saber que eu sou problemática e de que nunca assumo o que sinto. Eu serei grata, para sempre. E só desejo que eu tenha sido tão boa para você o quanto você foi para mim. 

    Ooops! E o que eu aprendi com você? Que não devemos ser tão levados pelos sentimentos. Que não devemos levar a vida tão a sério. Que não devemos desistir assim tão fácil das pessoas e daquilo que nos faz bem. Que temos que ser positivos e ver o lado bonito das coisas. Que temos que viver! Que temos que amar e ser sinceros. Só é triste o fato, de que eu aprendi pouca coisa. 

Ana Débora

00 horas e 31 minutos. Já passou da hora de postar o desafio. 

O tempo sempre parece me vencer.

Mas ele nunca me fará esquecer vocês. Algumas coisas, ele só intensifica. 

    Acho que só postei tudo isso pois acredito que ninguém vai ler. Que coisa. É incrível como as pessoas que quem convivemos nos modifica, não é? Por isso que dizem, que as pessoas com quem andamos nos definem. Talvez nem seja tanto, mas elas de alguma forma irão modificar um pouco sim, quem somos. Essas meninas tiveram um peso imenso em minha vida, um peso positivíssimo.
    Eu já fui muito arrogante e não entendia como as pessoas são valiosas, faz pouco tempo que o descobri. E disso, poucas pessoas sabem. Enfim... Não sei se alguém vai ler, é muita coisa. E eu tenho essa mania de abrir o meu peito nem quando se deve. Mas está ai, para quem quiser. Quem sabe até algumas delas não acaba se esbarrando por aqui e se encontrando em minhas palavras nunca ditas.

Atrasei na retribuição dos comentários pois fiquei dois dias sem internet. Perdão. 

Até a próxima.