Destinatário: o reflexo dos meus olhos no espelho



Ps.: Ficou meio sem pé nem cabeça. hahaha Interpretei a minha maneira e na verdade contei umas histórias relacionadas ao meu reflexo no espelho. Só que com foco nos olhos, que são as minhas favoritas. ♡

Eu poderia falar de como o outro é um reflexo nosso, mas dessa vez vou focar em nosso principal reflexo: nós mesmos. Melhor, eu vou focar em meu próprio reflexo. O que nem é um desafio pra mim, que estou quase sempre me revirando, me colocando do avesso, me colocando de cabeça pra baixo, me jogando em meu próprio precipício. Eu já fiz isso até beirar a exaustão. Eu já encarei meus próprios olhos ao ponto de querer sumir. Aqui é um território seguro pra mim. É um território que eu entendo. Meus olhos são antigos amigos meu.

Não é de hoje que eu me persigo, que sou minha maior loucura, minha maior obsessão. Há um texto em que eu digo que já me persegui tanto, que desisti da perseguição. Sempre tentando me encontrar, mas aonde eu me perdi? Eu realmente me perdi? Não. Eu sempre estive aqui. Eu só não silenciava o suficiente para ouvir pois eu dava mais vozes aos outros. Eu achava que tinha que procurar o que já estava em mim (mas eu ainda não sabia) e estava o tempo todo diante dos meus próprios olhos quando eu me olhava em frente ao espelho. Eu não publiquei em lugar algum a minha agonia em me encontrar. Mas óbvio que eu não encontrava, é impossível achar algo que nunca foi perdido. Mas isso aconteceu mesmo. Eu parei de me perseguir. Parei de me perseguir tem anos, mas só lembrei de onde eu sempre estive recentemente. E caiu a ficha mesmo, quando comecei a escrever o texto. É diferente aceitar algo na mente e no coração. É totalmente diferente. Só quem realmente ainda se sente sabe o que significa isso, pois não, hoje em dia nem todo mundo sabe. Tá todo mundo meio robotizado, as pessoas não sabem quem elas são. 

Recentemente eu venho querendo parar de me lapidar espiritualmente, pois já estava indo parar num caminho não saudável. Se curar o outro nos fere, isso não é o que buscamos. Ninguém quer sacrifícios por aqui. Não numa espiritualidade saudável. Há religiões que adoram o sacrifício, em geral, a nossa sociedade adora um sacrifício. Mas não na espiritualidade. Não na espiritualidade que eu vivencio. E os olhos que eu tanto vi nesse espelho, eu já o vi passar por tantos estágios... Eu vi o ódio nele poucas vezes, mas em muitas eu vi tanto o amor quanto a dor. Ambas você sentiu bastante. E os teus olhos que te diziam, por isso são velhos amigos. Não haviam mentiras, era pautado na verdade. Eu. O espelho. Meus olhos (meus velhos amigos).  


Eu começava a alimentar um ódio enorme dentro de mim, até que um acesso de raiva eu acabei sem querer me deparando com o espelho. Foi um susto. Eu não parecia eu mesma. Meu rosto estava contorcido, vermelho, agonizando. Eu me agonizava querendo que o outro sentisse o que eu sentia. E olhando naquele espelho e vendo meus velhos amigos, eles me diziam: veja, essa não é você. E eu senti uma decepção tão grande em relação a mim mesma que cai ainda mais nos prantos, dizendo que não queria aquele ódio em mim. E realmente tratei de não ter. Senti muita raiva outras vezes? Senti. Mas meus velhos amigos voltavam a aquele dia e eu relembrava "aquela não era eu" e sempre fui cuidando disso. Graças aos meus velhos amigos, ao ódio ou a raiva por muito tempo, acabo por não sucumbir. 

Graças aos meus olhos eu sei quando uma tristeza me acerta de fato no peito. Uma vez uma garota me disse, em 2008, que a coisa mais linda em meus olhos eram o brilho deles. Eu fiquei tão feliz que você não tem ideia. Aquilo me marcou de uma forma que até hoje eu analiso o brilho dos meus olhos no reflexo do espelho. É o brilho em meu olhar que me diz o quanto algo mexeu comigo... Na última época em que fiquei péssima e relatei aqui no blog, o brilho havia sumido por um longo tempo. Passei provavelmente, por volta de um ano, sem brilho algum nos olhos e com uma agonia terrível na alma. E eu acabava sempre esperando o momento em que o brilho voltaria. Até que um dia, ele foi voltando, meio tímido. E depois quando nem estava mais tão ligada nisso, reparei que havia voltado de vez. As estrelas haviam voltado a brilhar em meus olhos. A esperança havia voltado a habitar em mim. A tormenta, havia passado.


A verdade é que, no fim das contas, os olhos não mentem mesmo. Eles são sim, reflexos da alma. A gente que na correria não consegue ler. Ou talvez não tenhamos aprendido a entender a alma. Andamos tão superficiais. Não acredite em sorrisos, não acredite em palavras, mas acredite na forma que alguém olha pra você. Vá no espelho e veja o reflexo dos seus olhos: como eles estão? E mais: de que forma você olha pra você? Nosso olhar diz tanto sobre nós e muitas vezes ele é a última coisa que queremos ver o reflexo deles no espelho. O olhar de alguém é o resumo claro de quem ela é. Mas não é olhar e julgar, é olhar e viajar no ser dela. Viajar em quem ela é.

Mas comece viajando por você, no seu reflexo no espelho. Sem julgamentos, sem culpa, sem pressa. Apenas você e você. Não um confronto, não um desafio. Mas uma conciliação, um passeio. Seu olhar, um lugar só seu. Tão único, como Deus ou a biologia lhe fez. 

2 comentários:

  1. Eu amei o seu texto, e amei a referência que você usou de I Origins <3

    ✦ ✧ http://bruna-morgan.blogspot.com ✧ ✦

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    1. Fico feliz que tenha amado! Obrigada! <3
      Siiim! :3 Tem uma ligação real com os olhos. hahaha

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Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha