Destinatário: para todo aquele que não tem nome


Abril: carta para um desconhecido


Uma carta para um desconhecido, guarda nele todo e qualquer ser humano que passou sobre a Terra. Não há aquele que se conheça em sua totalidade, mesmo dormindo e acordando ao próprio lado todo dia. Imagina conhecer o outro? Mesmo que conhecidos, ainda somos antes de mais nada, desconhecidos. Desconhecidos que se conhecem um pouco. Estranhos ímpares, que algumas vezes resolvem andar em pares ou bandos. Mas ainda assim, estranhos e desconhecidos ímpares.

Parece meio complicado para você?

Ao mesmo tempo em que somos todos iguais - em essência - não somos de fato todos iguais. Não existe apenas uma verdade e por isso você pode até discordar disso. Tudo seria tão menos complicado e pesado se não precisássemos achar que só tem uma alternativa correta. A vida é muito mais subjetiva do que objetiva... E vivemos brigando pela única alternativa correta. Quando nós vamos cooperar? Quando vamos perceber que viemos e voltaremos para o mesmo lugar? Não importa se você crê na ciência ou na religião quanto a origem de tudo, todos sempre vem do mesmo lugar. E creia você em céu ou não, vida depois da morte ou não, todo mundo morre e ninguém leva nada. Lutamos tanto por coisas que no fim não importam...

No fim das contas, acordamos e saímos da cama por motivos diferentes. Mas não há dúvidas que todos levantam por ter esperanças. Não há dúvidas que no fundo ou abertamente, todos querem e lutam para serem felizes. E não há dúvidas, que provavelmente, todos creem em um mundo melhor. Talvez não de forma consciente, mas no inconsciente dela essa vontade e essa crença estão lá, ou despertas ou esperando para despertar.

Animais considerados "irracionais" e da mesma espécie só lutam por território, fêmeas ou se tornar o alfa daquela matilha, não é? É o que me recordo agora, espero que minha ignorância na área não me prejudique tanto. Eles brigam por esses três poderes, vamos super ou até talvez um pouco mais. Mas o homem que é tão político, briga por qualquer coisa. Brigamos por tudo e por nada. Brigamos no trânsito, brigamos na escolha do filme, brigamos quando cobramos do outro algo que nem mesmo fazemos, brigamos por termos opiniões diferentes e por aí vai. E pra quê? Só pra vencer no final? Pra ter mais poder? Pois quando você vence numa discussão, significa que de alguma forma você foi mais forte, ou seja, mais poderoso. Acho importante refletirmos sobre isso. Não somos tão ingênuos assim, somos?

São tempos tenebrosos, ao meu ver. São tempos de tanto ódio e tanta frieza e tanta distância, que me assusta. Já foi pior, mas também já estivermos melhores. Nós somos a geração do pós-guerra mundial e parece que não foi o suficiente. Eu entendo por um lado, mas por outro eu me pergunto aonde foi parar essa racionalidade que a ciência diz que nós temos. Por qual motivos acabamos sendo tão mais selvagens e mortais como nenhuma outra espécie jamais será? Destruímos o solo, destruímos o céu, destruímos os animais, destruíamos a uns aos outros. E pra quê, no final? 

Nós somos estranhos ímpares, mas viemos e voltaremos para o mesmo lugar. E não há um ser humano que seja auto sustentável. Há? Não é a religião que divide o homem, por exemplo. É o próprio homem. Nós não precisamos ser todos iguais para haver harmonia, pensar assim, por fim, é um absurdo. Que tipo de homem não consegue conviver com a beleza da diversidade? Exigimos tanto do outro mas nunca queremos trabalhar a nós mesmos. Antes de atacar ao outro que parece tão desprezível, analise você. Ninguém é o exemplo perfeito da moralidade ou de amor ou tudo que há de bom. E se é, nunca fará tal julgamento. Pois ele sabe quão árdua foi a jornada para se libertar de certos egoísmos e hipocrisias tão humanas. 

Uma coisa, é não querer se misturar. Pois ninguém é obrigado a suportar aquilo que o fere. Mas há certos ataques que poderiam sim, ser evitados. Se colocássemos o sentimento do outro acima do nosso "eu acho/é minha opinião". A sua opinião não vale mais do que o bem estar alheio. Nós somos ímpares, mas não precisamos continuar para sempre em unitário. Nós podemos ser meros desconhecidos, ou desconhecidos que se conhecem.

Ana Débora, com carinho e gratidão
o texto não ficou como eu queria .-.

2 comentários:

  1. Ana, teus textos sempre me fazem refletir de uma maneira maravilhosa. Infelizmente a situação fica cada vez mais complicada e eu já tô perdendo as esperanças. De verdade, eu queria acreditar que vamos melhorar mas está difícil. Já passou da hora de reconhecermos que não somos todos iguais E que não há problema algum nisso. É sempre uma briga. E é sempre uma briga que poderia ser evitada se não houvesse essa "luta" para saber quem ganhou ou quem é mais poderoso, como você disse. Além disso, as pessoas andam confundindo demais o que é opinião. Devemos lembrar que discurso de ódio nunca será opinião. Se a sua fala desrespeita, machuca e até mesma mata alguém, deve ser evitada. Eu fico muito triste vendo tudo isso, ainda mais no momento pelo qual o país está passando. As pessoas falam cada coisa que eu fico assustada, de verdade. Acho que nem vale a pena ficar falando sobre alguns políticos que parecem não querer o bem para o Brasil falando tanta besteira. Já cheguei a chorar ouvindo alguns de seus discursos e eles definitivamente não me representam. Espero, de coração, uma melhora em nós. Adorei o seu desfecho "Nós podemos ser meros desconhecidos, ou desconhecidos que se conhecem". Realmente é algo a se pensar.
    Beijão,
    Blog Ó, tô em dúvida...

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    1. Isso me deixa feliz! haha

      Eu queria - algumas vezes - que a minha esperança não fosse maior... Mas ela quase sempre é. Pois dói, né? Eu fico triste em ver essas coisas. E assustada, também. :/

      Eu sinto muito que essa situação já tenha te feito chorar. Eu acho que depois da decepção que eu passei com as primeiras manifestações meio que me blindou de tudo. Pois me senti muito trouxa quando vi a piada que aquilo virou e pelo próprio povo. Agora eu só assisto ao circo pegando fogo.

      Na política no Brasil, eu sou descrente. No povo? Errr... Mas eu ainda quero acreditar que podemos ser melhores que tudo isso. Espero que gente como a gente não desista, mesmo que seja tão difícil. É nadar contra a correnteza de ódio. Mas o amor pode nos proteger também.

      Já tava me empolgando nessa resposta e pronta pra um segundo "post", socorro. hauahuaha Beijo!

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Comenta com carinho. *3* hahaha