Românticos anônimos 01

Música em Comum 
18 de Outubro
(Terça-feira)

Foto: NinaSever

Ela era egocêntrica e cheia de mal-me-quer. Ele era bailarino e atravessou a rua, a sapatilha estava escondida dentro da bolsa e ela estava oculta atrás da janela. O vento soprava devagar movimentando as cortinas enquanto o garoto atiçava os seus desejos não mais de menina.

- Ele deve, no mínimo, ser gay. Não é possível que ele seja hétero, como poderia ser? Todas as vezes que me viu o observar, fugiu! Ora essas... Seria timidez? Seria eu feia para tal beleza dele? Ah, céus. Vou enlouquecer! Melhor... Vou falar com ele, é isso.

Não sabia agora o que vestir. Deveria pôr um jeans com uma blusa básica, ou ser mais feminina e optar por um vestido? Deveria colocar algo no cabelo? Maquiagem?

- Mas eu sequer sei o seu nome. Eu não falo com estranhos. E se ele me ignorar? E se eu assustar ele com o meu jeito exagerado de sentir, ver e falar? E se...

- Mariana?

- Pode entrar, minha senhora.

- Ainda assim, minha filha? Preciso que vá na mercearia e compre algumas coisas pra mim.

- Apenas estou delirando, mamãe. Me passe a listinha, vou num suspiro e volto 'noutro.

A mãe a olhou um pouco, vendo a filha jogada na cama e rindo enquanto olhava para o teto com as fotos dos amigos, em seguida deixou a listinha e se retirou do cômodo. Mariana foi do jeito que estava, o short de sabe lá de quantas primaveras, uma blusa da banda predileta, o cabelo num coque emaranhado e uma rasteirinha que a sua irmã mais velha se recusara a usar.

•••

Como costume, Mariana chegou na mercearia em um suspiro.

- Oi, seu Zé.- Boa tarde, minha querida. Como anda as poesias?- Pouco melhores que o meu caso de amor.

Foi escolhendo os produtos e os jogando na cesta que carregava, comprava quase os mesmos produtos sempre. Assobiava alguma música só dela, enquanto o Zé atendia uma cliente. Ela estava prestes a viajar, até que foi interrompida.

- A bailarina e o astronauta, da Tiê?

Os olhos tornaram-se ainda mais acesos, o que segurava foi ao chão. A sua voz nunca tinha escutado, mas ela sabia, era ele! O coração não parou quieto, acelerou e perdeu o rumo. A boca secou e as borboletas entraram em ação.

- Está tudo bem com você? - ele segurou o que havia caído e esperou ela responder que sim, mas ela permaneceu estátua, o que o fez colocar o pote de volta a prateleira. Ele a segurou pelo braço, ela sentiu a saliva escorrer pela garganta, o ar quase que a sufocou. Era o mesmo ar que o dele! Mas precisava ser racional, precisava...

- Oi... oi! Tudo bem sim, desculpa o incômodo... E, então... Era a Tiê sim.
Resolveu que não iria olha-lo. Mas mudou de ideia na última hora e olhou para ele quando terminou de falar, mas viu algo que nunca tinha visto. Os seus olhos, verdes como as árvores que tanto admirava. Eram verdes e sorriam para ela. Também eram amarelos, tinham as constelações mais belas e raras neles. Que olhos mais adoráveis, ela pensou.

Que interior mais bonito... Há poesia viva nele, há música, há dança, há arte. Céus, há amor! Há amor nele... Foi indo em direção ao caixa, o olhar do garoto aniquilou as borboletas que viraram alguma coisa boa que nem ela sabia o que era, quase que tornou-se ousada, mas desistiu. Pensou em dizer a ele que parasse de fugir dos olhares que ocorriam entre eles vez em quando, mas preferiu não ser tão ousada. Mas virou-se de repente, e disse:

- Até outro dia. 

- Até. 

Sobrou a ele a desorientação, a menina que estava fora de órbita o tirou da linha por alguns segundos, haveria gostado da sensação? Nem ele sabia. Quanto a ela, a sua vontade era de jogar as sacolas e sair gritando do armazém, mas só saiu com um sorriso que nela não cabia mais. Foi impossível voltar num suspiro só, a menina suspirou demasiadamente, saltitou se controlando para não rodopiar.

•••

 E ao chegar em casa:

- Mamãe, iniciou-se o processo da minha cura!

Jogou as sacolas no sofá mais próximo e subiu as escadas correndo, gritando de fato e se jogou novamente na cama, mas dessa vez, louca de alegria. Ele falou com ela sendo ela, ela mesma! De cabelo emaranhado e roupa meio amassada, suspirando agora uma música só deles! 

-Vou para a janela...

E ele passou novamente, mas deu uma olhada rápida para a janela enquanto assobiava a música que a mesma fazia o vento entre os seus lábios cantarem antes. Contou até dez e gritou contra o travesseiro, além de tudo, ele era romântico! E dava sinais únicos! 

- Ele definitivamente, não pode ser gay! Não pode, não pode, não pode, não pode... - repetiu várias vezes, até convencer a si mesma que o que desejava fosse realmente verdade.

Capítulo 01 
Ana Débora 
 Redes Sociais: facebook l ficklr l tumblr 
Observação: é a primeira vez que escrevo algo dessa grandiosidade, me deem um crédito. Ok? haha

Um comentário:

  1. Nossa amiga, que gayyyyyyyyyyyyyyyyyy. Mas gay do que minhas fics yaoi + 18

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha