Ser adulto, não precisa ser assim tão difícil


Logo que fiz 18 anos, eu sabia que algo tinha mudado. Mas ainda não entendia direito o motivo daquela sensação estranha. Se você já completou essa idade, talvez tenha sentido algo parecido. Querendo ou não, entramos na fase adulta e essa carga então, de um dia pro outro, é nossa. Não há o que fazer. Você dorme num dia e quando acorda no outro, está lá. Lide com isso. E não adianta mais dizer que não sabe lidar. A responsabilidade que antes era dos seus responsáveis, agora é sua. Agora, o responsável é você.

O que a gente sempre deseja, é crescer. Ser adulto, esse é o nosso objetivo, nosso sonho. E somos condicionados a isso. Crescemos ouvindo que só somos alguma coisa quando crescemos, então como poderíamos não desejar por isso? Ainda assim, o que antes era sonho, para muitos, não muito tempo depois de completar essa idade, vira um pesadelo. E começam então as perguntas "nossa, quis crescer por quê?". Bem, nós só podemos crescer e envelhecer cada vez mais, não há como evitar isso. Do contrário só na ficção. 

Ser adulto, não é fácil. Não me ensinaram a ser uma. A você provavelmente também não foi ensinado isso. A quem deveria ter te ensinado também não. Pois adultos, realmente não sabem o que estão fazendo. Raros os adultos que sabem o ser. Que sabem o que estão fazendo. A maioria só vai seguindo o fluxo, ou melhor, sendo empurrado por ele. Moldado por ele. Engolido por ele. Então se tornam pessoas amarguras, impacientes, egoístas, transbordando desamor. Mas não precisa ser assim. Foi assim durante muito tempo, mas não precisa continuar. Não precisa ser assim tão difícil.

Sobre as soluções? Bem, ainda não sei. Mas tenho algumas ideias. Visto que ainda sou bem nova nisso e que ainda não sou completamente independente. Mas já tem certas coisas que penso diferente. Acredito que o problema está, no fato de que as pessoas não aprenderam a lidar com a liberdade e responsabilidade. Pois quando somos crianças, não temos preocupações, mas também não temos liberdade. Não, não há liberdade, pois você é totalmente dependente de outras pessoas. E quando nos tornamos adultos, a liberdade chega, mas com ela, também chegam as responsabilidades. E é ai que a loucura, reclamação e chororô começa. 

Crescer é bom pois vamos realmente nos tornando quem realmente somos. Não temos mais que fazer o que pai e mãe disseram, não temos mais aquela necessidade de nos encaixarmos num grupo. Vamos definindo nossos próprios pensamentos e sentimentos. Vamos respondendo apenas a nós mesmos, a única pessoa a qual devemos satisfação. É a tal da liberdade. Só que como nos tornamos responsáveis por nós mesmos (olha onde esquecemos de crescer), o que antes era da conta do nossos responsáveis, se torna nossa. Iremos pagar nossas próprias contas! Yay! Deveríamos ter gratidão por sermos capazes de cuidar de nós mesmos. Mas, não. É só reclamação. 

Tenho certeza que, tirando os dias de trabalho (necessidade, né mores), gastamos mais com dias de diversão do que pagando contas. E se você está usando mais dias para pagar contas e resolver picuinhas do que para se divertir, pausa para analisar como você anda, né? Como você anda distribuindo o seu tempo, sua energia. Em que tipo de coisa você está focando. Pois a vida adulta não é nem de longe só tristeza. Ainda que existam cobranças, você pode decidir o que fazer. Se quer casar ou não. Se quer ter filhos ou não. É sua decisão. É seu poder. 

Eu gostei de ter sido criança. Gostei. E aproveitei muitíssimo. Mas sentir a saudade do jeito que as pessoas mais velhas costumam sentir? Não. Não sinto falta. Foi bom, mas também foi muito limitante. Se eu tivesse tido mais liberdade, talvez até batesse saudade. Mas como não tive, falta não me faz. E gosto de estar adulta, no momento. E espero saber ser uma adulta. Mas claro, mantendo minha criança interna bem viva e bem acolhida dentro de mim. Não deixei de ter riso fácil, de me encantar pelas coisas simples e nem a curiosidade sobre aquilo que não conheço. 

Além do equilíbrio entre liberdade e responsabilidades, acho que precisamos entender que ser adulto, não significa ser morto por dentro. Quando somos adolescentes, também somos a criança que fomos. Quando somos adultos, também somos os adolescentes que fomos e somos também a criança que fomos. E sempre podemos mudar. Sempre podemos ser contraditórios. Mas parece que quando completamos 18 anos, esquecemos disso. E como adultos, ainda que tão poderosos, continuamos vulneráveis. Vamos focar no que é bom em nós e na vida. E assim, tenho certeza de que não será tão difícil como vem sendo. 

Ana Débora, com carinho e gratidão
tudo depende do referencial

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha