Perfeccionistas Anônimos


Uma perfeccionista escrevendo um texto de última hora e cansada, isso já é uma vitória.
Duas semanas postando todo dia e ainda não quis "morrer" por isso.

Perfeição se trata de uma tortura lenta e mortal. É como um veneno de alta dose que é ingerido o tempo todo. É uma carga mais pesada do que qualquer pessoa deveria carregar, pois trás nela, o peso do impossível. 

Apesar da pressa ser inimiga da perfeição, a perfeição é inimiga do que é natural da vida. A perfeição não segue o fluxo natural das coisas, pois deixa de ser espontâneo. Passa a ser calculado, planejado e repleto de calejamentos. De você mesmo. Enquanto você lapida algo em que busca a perfeição, você lapida a si mesmo. E não tem como lapidar um diamante sem perder alguns pedaços. Diamantes não sangram, diamantes não sentem dor. Mas nós, morremos um pouco a cada retoque. A cada cobrança. 

A perfeição se torna um vício e como qualquer vício é aquele ciclo cruel. Te deixa péssimo mas você acha que não pode viver sem. Você começa a crer de forma cega e dependente de que precisa daquilo pra viver. Só que não, não precisa. E isso nem é vida. Não dá pra pautar nossa vida em algo tão inalcançável e que só nos causa dor, insatisfação. Já que nunca dá pra alcançar. É como correr numa esteira e ficar esperando ir além. Mas não, você não vai. É impossível.

O perfeccionismo pode chegar a ser tão intenso, que paralisa. Você não faz nada, com medo de errar. Ou se planeja tanto, ao ponto de não dar tempo de sequer de fato começar o que passou o tempo todo planejando. E pior, você não quer demonstrar o medo por trás daquilo de fato. O medo de errar. Ou até demonstra, mas a maioria das pessoas preferem dar um julgamento horrível relacionado a isso ao invés de um olhar empático. 

Mas hoje, eu ouvi de alguém que conheci nesse mesmo dia me dizendo o que eu precisava tanto ouvir (a pessoa certa, com a fala certa e no momento certo): por que você se cobra tanto ser perfeita? E foi com uma empatia, um carinho tão grande, que eu entendi. Ela não ficou irritada com meu comportamento prejudicial a mim mesma, ela o viu em mim e teve compaixão. Ser vista de fato pelo outro, entendi hoje, é uma bênção. 

Pois não é que eu queira ser perfeita com o sentido de ser o exemplo a ser seguido, a melhor de todas. Isso não tem haver com o jeito que as pessoas me enxergam. Isso tem haver com o que eu cobro de mim mesma. Eu me cobro a perfeição (por não me achar boa o suficiente). Eu me lapido tanto mesmo que me leve ao meu limite e ainda assim nunca parecia ser o suficiente. E diferente de um diamante, eu sangro. E diferente de um diamante, eu sinto. E dói. E hoje alguém entendeu a minha dor. E seus olhos diziam o que a boca não disse "tudo bem errar". E em meu coração, eu entendi. Sim, tudo bem errar. Tudo bem falhar. Tudo bem não ser perfeita. Tudo bem se algo acabar dando errado, acontece. Veja só: é a vida. E ela não é perfeita. 

Você não precisa refazer o mesmo trabalho mais de dez vezes, começando o mesmo tema mais de cinco e depois o retocando incansavelmente. Como se o que você fizesse, não fosse bom. É bom, sim. E você é boa o suficiente em tudo o que faz. Não precisa lapidar tanto. Não precisa se lapidar tanto. Vai ficar tudo bem. Um dia, você irá largar desse vício. 

Ana Débora, com carinho e gratidão
é com IMENSA gratidão que escrevi esse post
chorei no final, de tanta alegria e gratidão

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