Síndrome de Raul Seixas

Eu penso que eu sou louco. Mas eu sou feliz. 

"eu prefiro ser essa metamorfose ambulante"

Ser nova no mundo adulto é como nascer novamente. Acredite, no quesito aprender tudo novamente é bem pior do que a adolescência. Começando pela Universidade. É o primeiro choque (pelo menos pra mim). Você não sabe como funciona, como são as provas, e como qualquer ser humano vai ficar nem que seja ao menos um poco, aterrorizado. Os já adultos até dizem que é na Universidade que de fatos estamos ensaiando a vida adulta. Cara, é assustador. 

Ando descobrindo que a metamorfose não sai de ninguém. A diferença é de que quando nos tornamos adultos, não dá pra sempre ficar mudando. Tem mais coisas em jogo e não teremos ninguém pra segurar as pontas por nós enquanto tudo desaba. É por isso que muitos dos adultos se tornam amargos. A maior parte das pessoas não sabem lidar com as coisas e só por que descobrem que as coisas só pioram começam a detonar crianças e adolescentes que sofrem com os seus próprios problemas. 

Apesar de sinceramente eu já ter sofrido nessa vida adulta tudo o que já sofri antes dela e mais um pouco, no momento, não estou amarga. Eu sei que apesar do sofrimento ter sido maior, eu tinha muito mais amadurecimento emocional e psicológico pra segurar a onda. Quando somos mais novos é tudo mais assustador e incerto e parece que o mundo vai nos engolir. Mas é isso mesmo. Quando adolescentes nós não temos controle sobre nada. A própria lei diz que até os 16 são seres incapazes de responder por si próprio e que até os 18 pode responder mais ou menos por si próprio. Aos 18 de certo modo, é nossa alforria sim. É quando finalmente respondemos por nós mesmos. E assim é como se começasse a fazer sentido de que a sua vida é sim, a sua vida. 

Tem gente que sente saudades da infância. Eu sinto, normal. Mas não quero volta pra lá. E quando quero voltar pra algum lugar, seria apenas o útero da minha mãe mesmo. Eu sempre dormir em posição fetal denuncia isso. Adolescência? Ainda é a pior fase da vida. Mentiram pra mim quando me disseram que ela é a melhor fase e também mentiram quando disseram que a inconstância passava depois dessa "melhor fase". Mas não vou julgar. Pois as pessoas assim como eu, escrevem e falam com base naquilo que viveram.

Só sei que entrei na segunda década da minha vida. E das coisas que venho aprendendo é que ter a liberdade de se viver tem o seu preço. Ser criança é bom, é inocente, é leve. Mas somos totalmente dependentes, não decidimos nada e estamos à mercê de tudo. A adolescência ainda fica como a fase horrível. A fase adulta? Ela é brutalmente cruel mas também estupidamente linda. E eu devo ter isso que nem sei se existe, mas talvez jogue no Google mais tarde. A Síndrome de Raul Seixas, a síndrome de sempre estar mudando, se adaptando, sendo uma metamorfose ambulante...

Ana Lua
tumblr  facebook instagram
"do que ter aquela velha opinião
formada sobre tudo"

2 comentários:

  1. Que sejamos crianças, adolescentes, adultos, mas que sejamos livres dos nossos próprios julgamentos interiores! Que nunca tenhamos medo de abandonar a velha opinião formada sobre tudo!

    Vivo, assim como você, a "Síndrome de Raul Seixas". Sempre fui metamorfose ambulante. Um dos meus passatempos preferidos, inclusive, é olhar para trás e me divertir à beça com hábitos, defeitos e gostos abandonados... Também gosto de olhar para frente, imaginar no que vou me tornar na segunda década da minha vida. No presente, estou feliz. Já disse: sou/sempre fui metamorfose ambulante. Convivo relativamente bem com isso. Tô de boa comigo mesma!

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita e obrigada por comentar.
Comenta com carinho. *3* hahaha