Viajar na maionese. Eu sou desse tipo, já disse. Aquela que nunca fica entediada nem em uma fila longa, pois me perco entre os detalhes e a imaginação. Que se meu castigo fosse ficar um dia inteiro sentada em um banco tendo que observar a vida acontecer, na verdade, não seria um castigo. E então não foi difícil eu começar a ouvir, desde cedo, que eu viajava na maionese. Ou de que, imagine você, que eu vivia no mundo da Lua.
Pra meu pseudônimo se chamar Ana Lua tem um motivo. Tem toda uma história. Não seria apenas a observar quando criança e me perguntar se era eu ou ela que era a perseguidora da história. Demorei pra descobrir. E depois de grande decidi que era a Lua que decidiu me observar. Quem em sã consciência decide isso? Só eu. Que sempre vivi no mundo da Lua. Que quando era mais nova dormia com a janela aberta e olhando para o céu. A alegria era completa quando eu não adormecia apenas com as estrelas em meus olhos, mas com a Lua também. Então eu estaria completa. A noite não poderia ser menos perfeita. Ela era tão perfeita o quanto poderia ser.
Depois me conectei com a Lua como amante dela. Comecei a me ver nas suas fases. Comecei a observar o quanto ela nos afeta. A minha verdadeira casa, a Lua. Por isso que sentir a poesia é considerado loucura. E me acho ainda mais louca por me sentir louca por sentir a poesia! Nenhum poeta deveria se julgar insano. Mas hoje, eu me julgo assim. Eu tenho uma crença meio ridícula (mas ainda a acho linda e encantadora) de que há uma magia no mundo. Só que eu a superestimo. E então me ferro bonito. Não há poesia que me salve de viver e ser como a Lua. E logo hoje a Lua não está visível do lado de cá, então me sinto só. Me sinto tão bem quando a vejo cheia. Sinto que está grande e brilhante pra mim. Lembrando que um dia tudo fica vazio para então em breve nos sentirmos radiantes. Mas hoje eu estou vazia. E estou cheia de ser Lua, viver na Lua, adorar a Lua, sentir como ela me afeta. Queria parar de viver por lá, pois estou me encrencando por aqui.
Quer dizer, o meu defeito tem a ver com ser relaxada demais. Achar que a magia vai agir e tudo vai ficar certo. Achar que um dia as pessoas vão apenas conversar e chegar a um acordo ao invés de fazer uma enorme confusão por coisas pequenas. Ou pior: eu sempre acho que vai dar tempo, mas nunca dá. Eu sempre penso “dessa vez vai dar certo”, mas nunca dá certo. E ninguém entende. Nem eu. E assim, acabo me tornando uma contadora de histórias que também acumula frustrações. Se eu sou amiga da Lua, sou inimiga do tempo. Ou ele é meu inimigo? Sempre acabo viajando e quando vou ver, perdi a hora. Minha mente é uma imaginação sem fim. Imagino situações infindáveis. Me perco em meus pensamentos. E nunca sou perdoada por isso.
Ana Lua
Adorei o texto ♥ Meu Deus, sempre achei que seu nome era mesmo Ana Lua! Fiquei ainda mais encantada com você, sou apaixonada com a Lua, e confesso que também vivo muito por lá. Sempre é bom desligar um pouco desse mundo banal. Que saudades do cê! xx
ResponderExcluirfairiesdancing.blogspot.com
Quem me dera... hahaha
ExcluirVerdade! Problema é que eu passo tempo demais por lá. E tem acontecido o que coloquei no texto, dai complica... :c Te digo o mesmo! Suma mais não! kkkkkkk