O cabelo liso e emaranhado desordenava-se ainda mais com o vento que vinha em direção oposta ao da pequena face. Ela, de olhos fechados sentia o invisível. Do alto do abismo, ouvia dentro do peito as ondas chocando-se com toda a força e revolta que possuíam contra as duras e árduas rochas na baía da praia. Estendeu os braços ao leste e ao oeste, respirou fundo, sorriu mas o rosto continuava a sucumbir em dor, o rosto bonito e infantil contorcia-se na dor da perda. Dessa vez, nem a natureza a manteve intacta.
Ela chorou, de olhos fechados. Lutou, contra o som da tristeza que escapava fazendo um imenso barulho para ela, entre os lábios. Um choro miúdo, doído, sofrido, engasgado entre os dentes. Ela quase podia senti-lo dali, ela quase podia ouvir o seu último "eu te amo" e "adeus". Era insuportável, o som escapou ainda mais alto entre os dentes, gemeu, engoliu o choro novamente, o rosto esquentou de tanto sentimento acumulado e acabou por gritar:
- Rodrigo! - um grito rasgado e sofrido cortou o céu cinzento, o tempo estava fechado. Mas eram os olhos dela que precipitaram a chuva.
- Ah, como dói... Desg - não conseguiu, era impossível agredi-lo mesmo ele tendo quebrado todos os ossos do corpo dela, gritou mais uma vez para ver se facilitava a respiração, mas foi em vão. - Ah... Rodrigo.
Os amigos a observavam de longe, aflitos, com medo de que ela reproduzisse o feito do amado. Ora ela chorava de dor, ora gritava de tamanha ira. Nem ela sabia o que predominava no peito, mas os amigos sabiam, predominava a agonia. De repente ela se sentou, e ficou quieta novamente. Nem chorava, nem gritava. Aquietou-se, calou-se.
O vento soprou e ela começou a cantar a música dos dois, pegou o fichário do seu poeta e começou a jogar suas folhas para o mar, junto para o seu corpo perdido nas águas profundas e agitadas se juntariam também as suas poesias, em uma coisa só. Agora, o mar parecia ainda mais bonito, profundo e inalcançável. Ao tentar se levantar, o pé direito foi colocado de forma irregular ao chão e ocorreu a queda, sua melhor amiga logo gritou:
- Bianca! - correu com a mão direita tentando alcançá-la, mas como? O corpo já havia começado a despencar. Caiu ao chão sem forças, sendo sustentada pelos outros amigos que já se derramavam em lágrimas. Loucos, loucos! Isso que eles dois eram, obcecados pelo infinito que não poderiam possuir! Loucos, piraram tentando possuir o amor, as palavras, o universo! Loucos, dançando e caindo em abismos que só se tem a passagem de ida, para se nunca mais voltar.
- Ele veio me buscar, não chores! - dessa vez era ela que se colocava contra o vento, contra o mar. Não iria demorar muito até as águas agitavas virarem concreto em suas costas.
A coluna quebraria e ela morreria? Ou aleijaria e morreria afogada? Qual seria o seu fim? Morreria logo, ou decidiria morrer se negando o oxigênio? Ela só conseguia pensar, que depois dele ter tido as poesias junto a ele, também gostaria de tê-la. Qual seria o limite do amor? Todas as lembranças que possuíam domaram a sua mente conturbada de garota suicida, iria ela para junto do seu amor? Ouvia os gritos sofridos da melhor amiga, que ela não sofresse, já que teria que sustentar o pai e mãe dela que só tem como filha, ela, a garota que morreu por amor.
Eu pude sentir o vento batendo sobre o meu rosto e toda a aflição da história! Você escreve muito bem, realmente adorei muito o seu texto. Até mais!
ResponderExcluirCáh || explosaodecerejas.blogspot.com
Que bom... Eu acho esse texto bem fofo, que bom que gostou.
ExcluirObrigada! Até ~
Beijos Cáh! <3
Que texto lindo, me tocou no coração! Lindo mesmo! Demais. Você deveria investir nisso, muito bom seus textos, viu! bEijos!
ResponderExcluirpqngarota.rk
Que bom que tocou, flor... É por isso que escrevo, haha.
ExcluirVou investir sim, tanto que vou criar um blog pessoal! >.<
Obrigada. Beijos Viih. <3